sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Desde que vi um porco a andar de bicicleta...


MAQUIAVELICAMENTE À JANELA DO BENFICA

No passado dia 23, aqui no Record, publicámos um artigo a que demos o título de "Reflexões sobre o nosso Futebol em modo Natal" e, em destaque, escrevemos que "para tudo ser claro na pouca-vergonha do "caso dos emails", só falta saber ou apurar se há avençados-pelos-clubes-que-não-deveriam-sê-lo e, efectivamente, quem são". E no texto reforçava: "… Ainda falta apurar/descobrir quem são (…) os que cozinham gato em vez de lebre".

O assunto ganhou dimensão com o suposto email de Carlos Janela para Luís Filipe Vieira e, nesta quinta-feira, perante o impacto gerado por esse email, Janela tentou explicar-se e o resultado foi péssimo, principalmente para ele e para um papel há muito identificado: o de ideólogo ou, pelo menos, o de coordenador-mor das denominadas cartilhas. Mais grave do que isso é o alegado envolvimento de jornalistas numa estratégia que tinha como objectivo – parece claro – alargar o mais possível a rede de influências no Benfica, na Comunicação e pela comunicação. Mas não é só isso. O assunto é grave, muito grave e não deve cair no esquecimento.

Carlos Janela trabalhou no Belenenses e no Sporting e, a certa altura, através de Jorge Jesus, com quem trabalhou no Restelo, começou a fazer a sua aproximação ao Benfica. É sabido que as coisas correram muito mal entre António Carraça e o ex-treinador dos encarnados, agora ao serviço dos leões, e tentou ‘a jogada’. Em 2013, o seu nome chegou a ser alvitrado para substituir Carraça, mas pelos vistos não mereceu a confiança de todas as partes ou pelo menos cada uma das partes não estava totalmente convencida das suas competências e capacidades. Talvez fosse mesmo uma questão de confiança. A confiança que, neste momento, está a perder nele próprio, como foi evidentíssimo na prestação televisiva de anteontem, durante a qual – para quem se pensa especialista em comunicação – cometeu um erro de principiante, exactamente no momento em que, já muito atrapalhado através do seu não verbal, começou a elogiar o ‘carrasco’, quando este fazia a desmontagem do ‘puzzle’, peça por peça, até o ‘castelo encantado’ ficar reduzido a uma peça de lego. A peça da vergonha.

Janela nunca foi jornalista mas, através da sua já longa ligação ao futebol (desde Famalicão), conhece os protagonistas e as fragilidades da comunicação social desportiva e toda a gente percebeu, anteontem, que a ideia era liminarmente desmentir a existência do email, para depois ser o anexo a cair na tentativa do desmentido e, no final, toda a gente viu um nariz muito mais crescido, que já não cabia no ecrã. Entre os elogios ao ‘carrasco’ e ao reconhecimento da probidade das ‘vítimas’, e também à tentativa de colocar questões de leigo a um suposto especialista em informática (outra parte ridícula da narrativa), Carlos Janela era, esgotado, a imagem do pugilista massacrado e vencido.

Carlos Janela tem todas as características para ser, de facto, uma espécie de Ministro da Propaganda: bem falante, de bom trato, capaz das mais impressivas variações no campo da hipocrisia, suficientemente errático para mudar de opinião – como no assunto das novas tecnologias e do vídeo-árbitro… – hábil no campo da perversidade, ao ponto de se fazer amigo ocasional para torturar mais rapidamente o inimigo, uma mente ao mesmo tempo aberta e hermética, com todas as características para operar na clandestinidade. Maquiavelicamente.

O problema da cartilha foi exactamente esse: era para ser operada na clandestinidade até um dos envolvidos, perante as suspeitas da sua existência, confirmar que a recebia. A partir daí, foi um espectáculo deplorável, com os visados a fazerem um papel lamentável de contorcionismo intelectual.

Alguns até já consideram que a ideia original – na qual se encaixava a cartilha – era boa. Isto é, muitos já vêem nesta estratégia de ocultar toda a informação que não seja conveniente e bombardear o inimigo, desfigurando-o, uma ideia útil, criativa, inocuamente poderosa nos seus efeitos e objectivos. Até se podem fazer teses sobre as virtualidades do marketing moderno e da adaptação ao mundo digital, mas perdoem-me os modernistas, isto para mim só tem um nome: desfaçatez.

Diz o alegado email, com o orçamento para o blog: "A Rede de Colaboradores e Informadores é muito importante para recebermos boas informações e ao mesmo tempo eles divulgarem as nossas Notícias". E em observações: "Para manter o máximo de confidencialidade e sigilo, os pagamentos devem ser feitos em ‘cash’ (…) até ao dia 15 de cada mês".

Espero, finalmente, que os visados naquele email – jornalistas e respectivos órgãos de informação – percebam a gravidade da situação e espero, sinceramente, para além das posições já tomadas, que… não fiquem à Janela. É assunto para monitorizar.

JARDIM DAS ESTRELAS - 1 estrela

Perigosíssimo!

É preciso fazer alguma coisa, e urgentemente, para que não se crie uma relação cada vez mais próxima entre (ex) árbitros e clubes de futebol. Os que estão no activo não devem alimentar a ideia de que amanhã podem vir a ser compensados, com colaborações e afins, se hoje forem ‘competentes’. E os que estão no activo podem ficar sugestionados e até motivados com aquilo que vêem acontecer, neste momento, com ex-árbitros ao serviço dos ‘grandes’. Perigosíssimo.

O CACTO -- Aguenta, aguenta?

Apesar de não haver ninguém, neste momento, sem ‘contra-indicações’, não me convenceu a não nomeação de Artur Soares Dias para o dérbi, neste momento o nosso melhor árbitro e em muito boa posição para ser ‘de elite’ no quadro europeu, numa época em que tinha tudo, como venho defendendo, para se requisitarem árbitros estrangeiros à UEFA. Os árbitros portugueses estão todos muito condicionados e o ‘caso dos emails’ colocou-os numa posição insustentável, como agora também ficou provado, não apenas com a (video)arbitragem de Hugo Miguel/Tiago Martins, mas fundamentalmente com o mau ambiente que está gerado entre o FC Porto e Fábio Veríssimo ("aguenta, aguenta"), como se observou antes, durante e depois do Feirense-FC Porto.

Sou a favor da política do não veto, isto é, da não captura do CA pelos clubes, mas isto tomou uma dimensão de tal modo gigantesca que mereceria - da parte da FPF - uma intervenção mais radical. Aguenta, aguenta? Acho perigoso… com o que ainda falta de um campeonato em que nenhum dos três ‘grandes’ pode perder…»

Faltava alguém destemido e descomprometido para atirar com as últimas três pazadas de terra sobre a 'sepultura' de Carlos Janela! E quem mais poderia fazê-lo além de Rui Santos?! Poucos, julgo eu! Muitíssimo poucos...

Faltava também alguém que ousasse abordar a 'pandemia de escarlatina' que de forma quase 'descarada" se tem vindo a espalhar por entre a 'população jornalística' de um razoável número de orgãos de comunicação social que se dedicam em exclusivo ou em espaço e modo parcial à causa desportiva. Rui Santos - quem mais senão ele? -, também se aventurou a deixar o alerta "aos visados naquele email – jornalistas e respectivos órgãos de informação – (para que) percebam a gravidade da situação e espero, sinceramente, para além das posições já tomadas, que… não fiquem à Janela"!...

Pelo que me tem sido dado apreciar, andará por aí alguma 'solidariedade' absoluta e descabidamente 'corporativa', capaz de fazer com que venham a rolar ainda mais cabeças. Confesso que esperava um pouco mais de inteligência por parte dos 'solidários', mas...

Desde que vi um porco a andar de bicicleta...

Leoninamente,
Até à próxima

3 comentários:

  1. Esteve muitíssimo bem o Caracolinhos. Já o critiquei mas aqui, especialmente pelo alerta muito pertinente sobre os ex-árbitros, prestou um serviço ao futebol

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  2. Desta vez...
    Até achei "o caracolinhos" muito melhor penteado...

    Menina s'tás à "Janeeeela"
    Com o teeeeu cabelo ao veeeento...
    Isto vai vir tudo abaaaaixo...
    É uma questão de teeeeempo...

    SL

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  3. O Janela é um refugo da espécie humana! Ele é o que disse daqueles que alegadamente lhe falsificaram os e-mails: «Gente filha de um deus menor... Esta coisa de comprar ou tentar comprar os jornaleiros é torpe até o limite... Mas já há quem diga que não tem problema e é uma grande jogada estratégica! Onde vamos chegar?! Por que valores nos vamos reger?!

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